Mlhares de pessoas foram às ruas em uma imensa manifestação neste domingo (14) em Porto Príncipe, para denunciar a ameaça de uma nova ditadura que pode ser imposta pelo governo do Haiti, e para criticar o apoio da comunidade internacional ao presidente Jovenel Moise

ONGs acusam presidente do Haiti de criar 'clima de terror' no país

As afirmações feitas pelo Executivo na semana passada, de que teria havido uma "tentativa de golpe" contra Moise no país foram encaradas com ceticismo pela oposição e pela societade civil, que denunciaram uma série de prisões políticas ilegais feitas pela polícia

Moise defende que seu governo deve ficar no poder até 7 de fevereiro de 2022, mas boa parte dos políticos haitianos defendem que o mandato, válido por 5 anos, foi encerrado no último dia 7 de fevereiro

Essa discrepância acontece porque Moise foi eleito em 2016, em uma votação que acabou sendo anulada por fraude, mas foi reeleito um ano mais tarde

No dia 5 de fevereiro, um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA declarou que um novo presidente deveria subir ao poder após novas eleições e suceder Moise "ao fim de seu mandato em 7 de fevereiro de 2022"

No entanto, neste domingo (14), os manifestantes questionaram a legitimidade desse prazo de mais um ano para o atual presidente e o apoio que ele recebeu de países estrangeiros

"Apesar de todos os sequestros, os massacres em bairros de trabalhadores, os Estados Unidos seguem apoiando Moise. O dinheiro do fundo Petrocaribe foi gasto de maneira desnecessária, não temos bons hospitais e os Estados Unidos seguem apoiando o governo", disse Sheila Pelicier, uma das manifestantes

A manifestação foi quase inteiramente pacífica, apesar de alguns confrontos entre a polícia e parte do público. Os agentes usaram gás lacrimogênio e balas de borracha contra eles

Os policiais também atiraram com munição real para o alto em Pétionville, uma vila que fica na área metropolitana de Porto Príncipe onde pelo menos um carro foi incendiado